Prefeitura de Niterói amplia acesso a informações sobre o combate ao novo coronavírus com intérpretes de Língua Brasileira de Sinais Imprimir

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04/05/2020 - Desde o início da pandemia do coronavírus, a Prefeitura de Niterói desenvolveu uma série de ações para cuidar da população, tanto na área da saúde quanto em projetos econômicos e sociais. Em transmissões diárias nas redes sociais, o prefeito Rodrigo Neves tem divulgado as medidas adotadas pelo município para proteger a população. E, para universalizar a informação, dois intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras) participam para assegurar que todos tenham acesso às informações de prevenção ao coronavírus.

 

“Estamos numa batalha para salvar vidas e isso abrange muitas ações em campos diferentes, desde o isolamento social, as ações de saúde, até as ações de mitigação dos efeitos econômicos, porém não podemos esquecer que essas informações precisam chegar à toda a população para que a mesma se sinta segura de que a prefeitura está agindo”, disse o prefeito.

Niterói tem, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), uma população surda de mais de 5.500 pessoas surdas e quase 20 mil com alguma deficiência auditiva. Essa população, independentemente do nível de escolaridade, possui algumas dificuldades para entender mesmo os textos estando em português, pois sua primeira língua é a dos sinais.

Desde o início de abril, o gabinete de crise colocou dois intérpretes de libras para fazer uma tradução simultânea nos pronunciamentos diários. Alex Sandro Lins Ramos (23), professor, tradutor/intérprete de Libras e guia-intérprete, e Drielle Hipólito de Moraes (25), professora, graduanda de Letras/Libras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e tradutora/intérprete de Libras, são os dois rostos que se tornaram conhecidos da população de Niterói e que traduzem às pessoas surdas e as com dificuldades auditivas as informações e medidas que o gabinete toma diariamente em prol da saúde dos niteroienses.

“A presença de intérpretes tem sido muito importante, pois possibilita o acesso às informações do que está acontecendo na cidade de Niterói, que possui uma população surda numerosa e politicamente engajada na luta por seus direitos. Principalmente no que diz respeito às legislações e decisões municipais, pois são informações específicas”, disse Alex.

Drielle ressalta que quando os boletins começaram a ser acessíveis em Libras, a comunidade surda, principalmente a de Niterói, vibrou muito com a conquista, pois agora podem participar de forma cidadã da vida pública e política da cidade.

“Alguns surdos tinham dúvidas com relação aos programas e projetos que foram estruturados pelo gabinete de crise para prevenção ao coronavírus. Muitos deles não sabiam que tinham direto aos apoios que a prefeitura de Niterói estava prestando nesse período de pandemia. Alguns até sabiam que a prefeitura estava se mobilizando para ajudar as famílias mais pobres, porém não sabiam como solicitar e ter acesso a esses benefícios. Outra dúvida constante foram os decretos que o prefeito sancionou nesse período, que trazem recomendações bem detalhadas sobre trânsito, hospitais de referência e apoio financeiros. Não sei o número exato de surdos que estão assistindo as transmissões diárias, mas tenho certeza que o alcance é muito grande, pois além de auxiliar os surdos residentes de Niterói, os boletins acessíveis em Libras também auxiliam os das cidades vizinhas”, explicou a intérprete.

A medida foi aprovada pela pedagoga e professora de libras Luciane Rangel Rodrigues (53), que mora em Icaraí.

“É muito difícil ler os lábios do prefeito e das demais autoridades durante os pronunciamentos. Acompanhava apenas os textos postados nas redes sociais e nos jornais.  Moro sozinha e estou isolada, pois pertenço ao grupo de risco por ser diabética.  Detesto precisar que meus amigos ouvintes me ajudem a interpretar e tenho dificuldade, assim como outros surdos que usam libras – que é a nossa língua natural, para ter acesso às informações em língua portuguesa”, conta Luciane.

O subsecretário de Acessibilidade, Bruno de Souza Teixeira, conta que, desde 2015, Niterói conta com uma Central de Interpretação de Libras.

“Os moradores de Niterói tem à sua disposição uma central onde eles podem solicitar um acompanhante que seja intérprete ou tradutor de libras quando precisam usar serviços públicos como marcação de consultas médicas, solicitação de emissão de documentos pessoais (CPF, Carteira de Identidade, Carteira de Trabalho, Passaporte, entre outros), cadastramento nos programas sociais do governo, consulta de situação de benefícios, auxílio na consulta de benefícios ao trabalhador (FGTS, Seguro-desemprego, vagas de emprego no SINE, entre outros), apoio à realização de denúncias no Disque 100 e demais canais de denúncia, acompanhamento jurídico, entre outros”, explica Bruno.